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Telha… 

Estás com a telha…

Sem telha nem beira…   Ou será? Sem eira nem beira?…

Telha canelada…   Telha de canudo…             Telha Nacional…

Telha francesa…


Isto do português é complicado. Uma pessoa quer dizer uma coisa e diz outra. Mas nós, neste aspecto, não temos dúvidas. Queremos falar mesmo da telha tradicional, da telha de canudo, da telha artesanal… da telha manufacturada…

Ela produziu-se na freguesia de Cordinhã, pelo menos até à segunda década do século XX. Pensamos que de uma forma sazonal, na Primavera e no Verão, porque os artesãos precisavam de sol para secar a telha moldada, antes da construção do forno de cozedura. 

Os solos da Cordinhã, de predominância argilo/calcários e arenosos variam com uma frequência enorme, sendo normal que, numa propriedade de tamanho inferior a um hectare, surjam mudanças nítidas na sua composição. E, em algumas zonas, hoje ocupadas com floresta, aparecem pequenos nichos de barro moldável. Os habitantes da Cordinhã antiga descobriram isso e aproveitaram para a produção de telha de canudo, que era a única existente na região, antes do aparecimento das fábricas e da chamada telha francesa, hoje utilizada.

Eram unidades de produção, registadas nas finanças como propriedade industrial, (conhecemos pelo menos dois registos na freguesia) como acontecia com os moinhos e os lagares. Eram indústrias de tipo familiar, sazonais, aproveitando as épocas de calor, para a secagem da telha ao sol, para depois ir para o forno a cozer.

O Barro, depois de ser retirado dos Barreiros, era devidamente separado das impurezas, amassado, moldado, seco ao sol e depois enfornado. Mas haveria fornos construídos de raiz, em pedra e cal, tal como os fornos da cal, também existentes na região? Pensamos que não. Se tal acontecesse haveria vestígios deles, já que esta indústria terá acabado na primeira ou segunda década do século XX. As pessoas inquiridas, com mais de oitenta anos lembram-se do local, mas não se lembram de nenhum forno de telha. Para nós, isto tem uma explicação muito simples. Tal como ainda hoje acontece com alguns oleiros do país, o forno ia sendo construído à medida que se iam acamando as telhas. Colocavam-se várias camadas de telha e lenha com o feitio de um forno. No fim revestia-se tudo com telhas já cozidas e barro e lançava-se o fogo. Ao fim de alguns dias procedia-se ao retirar das telhas inteiras e boas que colocavam no mercado, transportando-as em carros de bois para locais algo distantes como a cidade de Coimbra.

“ O restrito mercado que tinha fora devassado. Às aldeolas ermas, onde a telha de Corrocovo se vendia, chegava a concorrência das grandes indústrias. As fábricas da Pampilhosa descarregavam a telha, nos povoados obscuros, mais barata que a do forno da quinta. A pequena indústria ia ser desmantelada e, conseguido isso, a empresa mais forte ficava sozinha em campo.” In, “Casa na Duna” de Carlos de Oliveira.

Isto foi o que aconteceu na quinta gandareza da ficção de Carlos de Oliveira e também na Cordinhã, onde a produção não era realizada em nenhuma quinta, pelo menos depois da Revolução de 1820, mas sim, por pequenos agricultores que também eram industriais. A telha de canudo, que também era conhecida por telha nacional em oposição à francesa, isto é, produzida seguindo o modelo francês, das unidades industriais mecanizadas. Por cá, a telha de canudo continuou a ser produzida para cobrir os currais para os animais e as barracas de eira e depois terminou mesmo a sua produção.

Dada a sua resistência, ainda hoje se pode ver em algumas casas antigas e telheiros em ruínas. Foi aí que a senhora Violete Ventura (daí o V.V. da assinatura das peças) as foi procurar para fazer as suas bonitas telhas pintadas com os mais diferentes motivos, mas, sobretudo com temas rurais, com cenas agrícolas e animais. Esta artesã, hoje está integrada numa associação da freguesia denominada “Cordinharte”. Esta vai tentar que a arte tenha outros cultores porque a mestre, que só há pouco tempo, teve as primeiras aulas de pintura, é dona de uma sensibilidade artística muito grande e está pronta para ensinar. Esta Associação dedica-se à produção de outras peças de artesanato, nomeadamente na área dos bordados, das pinturas  e das artes decorativas. Algumas dessas peças fazem alusão à vinha e ao vinho e são colocadas à venda, na Expofacic em Cantanhede e sobretudo na Feira do Vinho e da Gastronomia de Cordinhã, que todos os anos se realiza em Junho e que merece a sua visita.




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