Cordinhã integrada na Região Demarcada da Bairrada, adquiriu ao longo dos anos, através do conhecimento, das tradições culturais e gastronómicas, uma qualidade já reconhecida no mundo dos vinhos, como provam os prémios conquistados nos concursos inter-freguesias e pela empresa Quinta de Baixo no concurso dos Enófilos da Bairrada.
A tradição dos vinhos da Bairrada remonta ao início da nacionalidade, quando D. Afonso Henriques autorizou a plantação da vinha, ficando com uma parte da produção para consumo próprio.
A zona da Bairrada, “país das uvas” e de grandes vinhos é especialmente vocacionada para a vinha, muito embora o Marquês de Pombal pretendesse ver esta cultura substituída pela de cereais, batalha a que os Bairradinos conseguiram resistir e souberam impor a sua vontade. Nos alvarás de 1765 e 1767 emanados pelo Marquês de Pombal, é ordenado o arranque de vinhas de forma violenta, não poupando sequer a colheita do ano que estava em curso.
Mais tarde, já em finais do século XIX, nova crise abala a nossa região provocada pela Filoxera e o Míldio.
Hoje esta mesma região luta contra nova crise, ao ponto de não ser rentável o amanho da vinha, mas melhores dias virão para o vitivinicultor habituado a grandes dificuldades e desafios, mas sempre confiante no futuro.
Ninguém fica indiferente à magia dos vinhos de Cordinhã. Quem um dia teve o privilégio de visitar a tradicional adega em plena laboração, jamais esquecerá os suaves aromas das uvas e o amor com que são tratadas pelo viticultor. Para quem a vida é uma aventura e cada colheita é um sonho e um mistério.
Após a fervura e o estágio nos tradicionais tunéis de madeira vem ao mundo o verdadeiro néctar feito a partir das castas tradicionais Baga ou Poeirinho, Moreto, Trincadeiro e Tinta Pinheiro. Assim se apresenta o nosso vinho com uma cor granada que deixa o apreciador deliciado. Mas para acompanhar o doce e o peixe, para apreciadores “lambareiros”, como em tom de brincadeira se chama a quem só aprecia vinho branco. Em brancos esta freguesia também apresenta excelentes vinhos, a partir das castas tradicionais: Arinto, Bical, Rabo de Ovelha, Fernão Pires, Cercial e Santareno.
Mas como o bom vinho casa com o bom prato, logo a gastronomia tem que ser forçosamente abordada. Pois conhecer a gastronomia de uma freguesia é conhecer parte da essência de um povo. Assim não podíamos passar sem dar a conhecer o que é nosso e as nossas raízes gastronómicas, que fazem parte da nossa mesa.
O Leitão à Bairrada e os vinhos são os verdadeiros “Ex-Libris” desta Freguesia, do seu povo e seus costumes. A gastronomia de Cordinhã vai buscar as origens ao dia-a-dia das suas gentes, ao que a terra lhes dá.
É precisamente nos convívios dos trabalhos agrícolas, árduos e permanentes, interrompidos unicamente aos Domingos e dias de festa, que encontramos as raízes desta gastronomia e a troca dos segredos culinários.
Os pratos típicos desta Freguesia são apresentados anualmente na Feira do Vinho e Gastronomia de Cordinhã e glorificam a nossa cozinha tradicional. Sendo um exemplo de como comer bem…
Este levantamento gastronómico foi feito pelas Escolas Primárias em 2003 e pela Primeira Comissão da Feira do Vinho e Gastronomia de Cordinhã.
São estes os nossos "sabores de terra e mar" que servem de cartão de visita da tradicional hospitalidade tão característica de Cordinhã, que a todo o visitante e amigo oferece sempre um copo de vinho na adega… “A saúde vai um copo?!...”